terça-feira, 5 de outubro de 2010

Minha histórinha - Prazer Valtinho Rege

Ai, ai....rs....

Sempre tive vontade de guardar as minhas lembranças.Mas agora  sinto necessidade de escreve-las. Tenho medo de esquecer tanta coisa legal e especial que já vivi. Então, resolvi criar um post para que as pessoas entendam o que me levou até o "Quero Ser Beyoncé"... E botando a cachola para funcionar: NÃO É QUE TUDO FAZ SENTIDO!....rs....


No começo foi assim....

Lembro bem quando ganhei meu primeiro vídeo cassete. Foi o maior acontecimento da minha vida. Poder pausar, acelerar, voltar as minhas cenas prediletas era a coisa mais legal do mundo. Gravava os filmes na “Sessão da tarde” e ficava a noite inteira assistindo. O mais copiado? “Curtindo a Vida Adoidado com Mathew Broderick. Não posso negar que amava os filmes nacionais com Xuxa, os trapalhões, Angélica... Eta  época boa. Trocava uma brincadeira na rua por um dia em frente a Tv....Também, eu era a criança mais feia do mundo...Meus dentes eram quase 180° virados e havia dois caninos perto do nariz ,e ,um outro no céu da boca...kkkk....Eu era terrível!
O meu refugio era a televisão, a sessão de cinema, os vídeos que eu alugava na locadora.... Para mim, cinema era o maior acontecimento da face da terra. Eu sentia todas as sensações sem sofrer um arranhão. Era o ápice do prazer!

O primeiro roteiro que escrevi foi quando tinha 12 anos. Era um texto inspirado nos trashs movies adolescentes. Tinha sangue, rock and Roll e havia  até uma prostituta que dançava The Doors....rs...mandei uma cópia para a Columbia Tristar Brasil e eles me responderam com um caloroso: Não – seu roteiro é muito forte . Nem mesmo você poderá assisti-lo....rs.... Para um garoto de 12 anos, ouvir um não era como um tiro a queima roupa. Eu chorava compulsivamente.

Câmera Filmadora

Meu maior sonho era ter uma câmera de vídeo. Achava que aos quinze anos já seria um talento da 7º arte... kkkkk...(como eu me achava). Lembro que quando completei 14 anos meus pais me prometeram dar uma câmera. Mas como o salário deles era pouco iríamos fazer um acordo com a minha tia Cida para que ela abrisse um crediário nas Casas Bahia. Aquela noite eu nem dormi, fiquei ansioso para que amanhecesse logo para eu ganhar a minha querida câmera. No outro dia a minha tia não chegava. Fiquei aflito. A minha mãe se aproximou e disse que infelizmente ela não iria comprar a câmera por que não dava para colocar no orçamento. Aquela época não existia câmera digital e ter uma câmera filmadora era luxo para poucos. Chorei muito e fiquei com raiva por não poder ter o que eu queria. Duvidei até da existência de Deus, e disse que se não ganhasse uma câmera naquele momento duvidaria para sempre de sua existência. Em menos de cinco minutos minha tia aparece de minha mãe resolve comprar a câmera.

Foi o segundo dia mais feliz da minha vida (depois do vídeo cassete). Tratei logo de juntar os meus manuscritos e começei a chamar meus vizinhos para fazer meu primeiro filme de terror... kkkk....Meu pai fez até churrasco para a escolha do elenco. Foi a vizinhança toda. Mas os meus filmes eram um desastre. Os atores não conseguiam decorar nem mesmo uma frase com três palavras...rs...
Meu pai sempre disse: “- Filho, as coisas só acontecem na hora certa” Naqueles momentos sentia-me culpado por ter duvidado da existência de Deus. Eu tinha a câmera, mas talvez não fosse o momento certo. A partir desse acontecimento comecei a acreditar mais ainda em Deus e aprendi que as coisas só acontecem quando realmente somos merecedores.

Sentia-me culpado por fazer meus pais pagarem um preço tão alto por conta do meu sonho, com 14 anos, decidi  que deveria trabalhar para pagar o meu sonho.

Stúdio Fátima Toledo

Fazer cursos de cinema parecia impossível para mim, pois, meus pais nunca tiveram condições para pagar. Então, resolvi mandar o mesmo roteiro que mandei para Columbia para uma revista chamada Video Maker, na época o editor era Beto D’eboux e ele achou engraçado a forma como eu escrevia. Eu achava que fazer cinema era fácil e pedi patrocínio para ele (ingenuidade... kkkk) O Beto encaminhou a minha carta para uma experiente coach do cinema brasileiro, Fátima Toledo, e ela se sensibilizou com a minha vontade de fazer cinema. Fátima foi uma mestra para mim. Ela marcou uma reunião, comigo e minha mãe, sentou-se frente a mim e explicou como era o processo de fazer cinema, as dificuldades, a forma como era feito, os obstáculos que eu deveria passar... Nem ela mesma poderia fazer qualquer filme que quisesse – exclareceu Fátima Toledo.

Fátima me deu a primeira oportunidade de emprego. Virei o office boy oficial do Stúdio Fátima Toledo. Era uma realização maravilhosa ver pessoas atuando dentro daquele espaço maravilhoso. Pessoas belas, sonhadoras... Artistas... Meus olhos brilharam quando vi Sergio Mamberti  (Tio Vitor) e Rosi Campos ( Bruxa  Morgana) ensaiando para “Castelo rá-tim-bum- O filme”. Gelei quando vi Walter Salles cruzar o meu caminho no corredor da escola. A partir daquela experiência a vontade de criar novos mundos só aumentou. Então, nunca mais desisti de fazer o que eu gostava. Lia todos os livros que ela recomendava e que os professores do Stúdio passavam. Fiquei feliz quando descobri que a forma profissional era quase igual a forma que eu escrevia. Eu passava horas nas livrarias lendo as revistas de cinema e os livros que eu não podia comprar. Às vezes cabulava aula para passar a tarde no shopping ouvindo músicas e imaginando as cenas do meus filmes.

Editora Saraiva

Com 16 anos tive que mudar de emprego por que eu precisava ajudar em casa. Fui trabalhar como mensageiro interno da editora saraiva. A melhor experiência da minha vida. Foi naquele local que eu recebi os maiores incentivos... Gravei muitas ceninhas com a minha primeira câmera handycam vision hi8 que era o me xodó. Lembro que nas primeiras semanas em que ganhei dormi com ela ao lado do meu travesseiro. Na Saraiva eu e os outros mensageiros nos divertíamos fazendo vídeos que mais pareciam um festival de vídeo – cacetadas... rs...
Teve um dia em que pedi para um amigo se pendurar em uma ponte na rodovia dos Imigrantes para forjarmos uma cena de desespero... Ele gritava “SOCORRO”... E eu gritava: - ESSA CENA TÁ MARAVILHOSA! A minha mãe quase enfartou quando viu a cena, o pior era imaginar a possibilidade do menino caindo com aqueles carros passando em alta velocidade.

Ah! não posso esquecer do Eltom e da Viviane, meus amigos da adolescência que me ajudavam a gravar as cenas mais engraçadas do mundo...uma vez invadimos uma obra para gravar um filme de terror. Os operários ficaram enfurecidos e quase não nos deixaram sair... Queriam ligar para nossos pais...rs...Mas felizmente conseguimos escapar.

Bom... (continuando com a Saraiva)... rs...foi lá que escrevi a maioria dos meus roteiros,ainda amadores. Foi lá, também, que escrevi a primeira versão do “Sempre Amigos” meu blog. Que no ínicio tinha o título de GUEIS (Garotos- ultra- Especiais - inteligentes e Simpáticos)

Lembro-me que para escrever o final da primeira versão (ainda como roteiro) me tranquei no quarto e fiquei mais de doze horas. Foi o dia mais feliz da minha vida, mas, ao mesmo tempo em que me sentia satisfeito, também sentia um vazio enorme por não poder mais estar em contato com os meus personagens.
Hoje em dia meus queridos personagens podem ser vistos no Blog e em um vídeo que fiz no 2º semestre da faculdade chamado 3/4 De Amor. Resolvi adaptar a história para se tornar um livro. Só falta publicar... rs...
Mas nada disso seria possível se pessoas tão importantes não tivessem passado pela minha vida. Pessoas que me estimularam, que não me deixaram desistir. Lembro-me o dia em que sentei na minha mesinha (lá na saraiva) e chorei por que não conseguia achar sentido em escrever se não tinha ninguém para ler. Um amigo, muito querido, chamado Robson Cacau sentou-se em minha frente e me disse que eu não poderia parar por que eu realmente sabia escrever. Eu disse a ele: - Mas cacau, ninguém lê! As produtoras devolvem os meus roteiros sem se quer abrir o envelope! E ele disse: - escreva! Eu leio!
Aquele estímulo foi o bastante para que eu não desistisse do meu sonho. Eu tinha um leitor! O meu primeiro leitor! A cada página terminada ele chegava e pedia para ler. Era incrível como ele correspondia a reação dos personagens! Até eu me assustava com os acontecimentos na vida dos personagens! Parecia que eles criavam vida própria! A partir desse momento, criei coragem e comecei a pedir opinião de várias pessoas. Meus amigos começaram a ler: o Sérginho, o Caio, o Lulão. Meus amigos da época do colegial: a Vivi, a Débora, o David.
Se não fossem essas pessoas eu nunca teria fôlego para terminar essa missão. Eles foram o combustível para eu continuar percorrendo a minha jornada...

As pessoas mais importantes da minha vida...

Não posso esquecer das duas pessoas mais importantes da minha vida. O senhor José Luis Rege e a dona Maria das Graças, meus pais. Eles são os maiores motivos para que eu conseguir realizar todos os meus sonhos, e olha que são muitos. Esses paizinhos lindinhos sempre me motivaram a nunca desistir dos meus sonhos. Eles sempre respeitaram a minha arte. Deixavam a casa silenciosa quando eu precisava escrever ou gravar alguma cena para os curtinhas que eu nunca conseguia finalizar....rs... Sempre me apoiaram em todas as minhas decisões, mesmo quando aos vinte anos eu resolvi largar tudo para me especializar no que eu queria: - estudar cinema. Não foi nada fácil, mas eles seguraram a barra e me deixaram voar. Sempre me auxiliando nos pousos... (mas essa fase conto mais tarde).

A grande virada...

Com 18 anos tive a minha primeira crise existencial. Achava que seria impossível conseguir realizar o sonho de ser diretor e roteirista. Eu já havia completado o colegial e achava impossível fazer uma faculdade. Tinha medo dos meus pais acharem que eu era um fracassado. Então, sem pensar, me alistei no serviço militar obrigatório e fui encaminhado para Aeronáutica!

Valtinho Rege na Aeronáutica? Seria o meu fim...


Certo dia, naquelas intermináveis entrevistas e testes físicos para a seleção dos novos recrutas eu estava, como sempre, viajando em minhas histórinhas. Não tem jeito, se eu ficar parado por um minuto já começo a fantasiar situações... rs...Bom, o militar perguntou quem era voluntário e em um ímpeto louco levantei a mão. Demorou alguns dias para que eu saísse da órbita em que me encontrava para cair na real e me perguntar: - Que merda eu fiz?....kkkkkk

O primeiro dia foi o pior, fizeram-nos fazer a barba sem água e sabão, só com a gilete. Era tanto sangue no chão que eu tive a coragem de pedir pra sair... kkkkk...doce ilusão, tornei-me alvo de gracinhas e chacotas. A minha turma inteira arrumou as malas e seguiu viagem rumo á base área de Guarulhos...

Querem saber? AMEI A EXPÊRIENCIA!!!

Pela primeira vez na vida pude passar por experiências pelas quais eu não tinha controle. Eu não tinha controle nem da minha ida ao banheiro...kkkkkk...Ao mesmo tempo que o sofrimento era terrível e doloroso, a experiência do serviço militar “obrigatório” era edificante para mim. Cada vez mais eu me dava conta de que podia muito mais do que imaginava, e que romper fronteiras era infinitamente estimulante.

Descobri que somos seres que podemos TUDO, mesmo o que pensamos que não podemos.

Aprendi a sobreviver em um mundo terrivelmente hierárquico. Descobri os limites do meu corpo. Exorcizei vários medos. Nadei, pulei, escalei, apanhei e no final do dia respirava fundo e pensava: - Ufa! Consegui!

Mas essa experiência me fez acreditar que eu jamais poderia desistir do meu sonho. A maioria dos militares vivem uma vida voltada para seu ofício. É como um sargento de lá dizia: - Vocês se casaram com a Aeronáutica.
Adorava ver como meus amigos se empenhavam para ser o melhor soldado, o melhor atirador, o melhor nadador, o melhor chefe de equipe, o melhor corredor... Lembro-me quando vestimos a farda pela primeira vez, todos contentes, envolvidos e eu...eu não sentia nada, não queria ser o melhor, apenas queria fazer as coisas direito, então descobri que não adiantaria nada eu continuar em um lugar em que eu não me sentia realizado. Sabia que em breve viria um bom dinheiro, concursos com vagas garantidas, etc, mas não era a minha vibe, então, depois de um ano resolvi voltar para o meu sonho, resolvi tentar ser feliz naquilo que eu sabia fazer: CRIAR HISTÓRIAS!

Depois de um ano de muitas lutas dentro do quartel resolvi trilhar o meu caminho. E nunca, jamais desistir dos meus sonhos!

Rumo ao meu futuro....


Câmera na mão, sonho no coração e uma mochila nas costas.

Voltar para “vida real” foi estimulante! Novos sonhos, novas barreiras, novas histórias e um novo Valtinho. Sai da aeronáutica com tanta história para contar que me sentia até celebridade... rs...As pessoas não achavam que eu seria capaz de passar por tantas experiências fortes ( aliás, nem eu achava que seria capaz...rs). Voltei para meu antigo emprego e estava disposto a lutar para uma nova vida. Álias bota nova vida nisso. Depois de alguns meses longe da aeronáutica resolvi pedir demissão do emprego e me dedicar exclusivamente á busca do meu sonho (eu não tinha condições para isso, mas resolvi seguir o meu coração, meus pais me apoiaram e disseram que me ajudaria no que fosse possível. Eles são os melhores pais do mundo... rs). Comecei a fazer cursos de cinema pela prefeitura da cidade de Diadema e conheci pessoas maravilhosas, que assim como eu amavam a magia do cinema. Mestres como Francisco Glauter, Herbert Viana, Paulinha Issai, André Okuma, Sergio Pires me deram as primeiras noções de roteiro e direção.
Álias, a época do curso de cinema foi a mais difícil por que eu não tinha dinheiro nem pra pegar o ônibus. O curso era oferecido pela prefeitura de Diadema e apesar de morar próximo a cidade, o bairro não ficava tão perto. Era uma hora para ir e uma hora para voltar. Quando eu pensava em desistir sempre ouvia a voz do meu pai dizendo: - Não desista meu filho. Nada que vem fácil é valorizado. Lute. As palavras do meu pai era um estímulo para continuar literalmente caminhando.
O caminho acabou se tornando agradável, e, mais demorado, pois, de tanto fazer o mesmo trajeto todos os dias acabei fazendo amizades... rs...Ao invés de uma hora  demorava duas horas...rs...Nessa época, já com vinte anos , eu estava com sede de aprender e nada poderia me deter. Comecei a fazer oficinas de teatro a tarde na antiga febem ( atual AEB) e também andava quase uma hora para ir, e uma hora para voltar... Em um dia eram quase quatro horas a pé....kkkkk....Mas eu curtia andar de sandália , bermudão e uma bosinha de Hippie do lado....Aquela época foi transformadora...rs...

Mas o período sábatico durou um pouco mais de um ano....rs...eu precisava ajudar em casa e estava quase virando um artista frustrado. Precisava estabelecer metas e parar de pensar que a ajuda viria do nada. Comecei a cogitar as possibilidades de trabalhar em um lugar que eu gostasse. Pensei, pensei e zás...Blockbuster Vídeo ! Na época a locadora ainda era uma febre e seria o máximo lidar com filmes o dia inteiro. Foquei nessa meta e comecei a enviar currículos para todas as lojas. Em menos de dois meses fui convocado para trabalhar lá e Puts: - Fiquei apenas quarenta e cinco dias por que saquei que meu negócio não era apenas indicar os filmes. Eu queria fazê-los!

A frustração se transformou em motivação quando o meu melhor amigo Jean Paulo Forastiere (costumamos dizer que somos alma gêmeas de amizade) e eu resolvemos fazer uma loucura: VIAJAR PARA O RIO DE JANEIRO COM UMA CÂMERA NA MÃO, UM SONHO NO CORAÇÃO E UMA MOCHILA NAS COSTAS....rs....Queríamos ir a todas as produtoras do Rio de Janeiro tentar mostrar o nosso o projeto “Sempre Amigos” (uma história de amizade e amores platônicos). O nosso objetivo era tentar recursos para produzir o filme e gravar todo nosso esforço transformando toda experiência em um documentário. Minha mãe ficou louca, e a dele também... rs...Fizeram até festa de despedida, mas o sonho não passou de ilusão. Nossos pais nos convenceram o quanto era perigoso e arriscado e acabamos desistindo da aventura. Talvez não fosse o momento, por que coisas maravilhosas ainda estavam por acontecer.....


4 comentários:

  1. Sua historia é linda e agora o que faz, trAbalha mesmo na aerounática? gosto do
    que esta fazendo bjs boa sorte e escreve mais é miuto bom...

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  2. Oi Anônimo...rs...Na verdade ainda não acabei a histórinha da minha vida, falta um montão de coisa ainda! Mas em breve atualizarei o blog! Muito obrigado pelo carinho e incentivo! Energia Positiva Sempre!

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  3. eu tenho que ser sincera eu gosto de ler mais eu nunca leio um texto comprido todo se não for bom e o seu foi muito legal! eu comecei a ler e não conseguir para de ler. realmente da filme muito bom. também estou escrevendo um filme, mas é de terror! e eu entendo pelo que vc passou escreva sempre por quer sempre vou ler. realmente vc tem talento.

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  4. Ah Chrislene!!! Nossa fiquei muito feliz por isso!!! Tem mais coisas pra contar, mas o tempo é tão escasso! Não desista dos seus sonhos! Também amo terror e suspense e um dia quero dirigir um filme nesse gênero! Quem sabe um dia trabalharemos juntos né? Bjão no coração ...smackkkkkkkkkk

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